sábado, 24 de outubro de 2009

eu sou parte da noz*

O evento do nascer da lua
E o lamento do morrer do sol
Descubro a consciência de mim mesmo
Eu faço parte
Eu contribuo
Eu sou
Eu também
Eu sou a noite
Eu estou na rua
Refletida na lagoa
A imagem da lua...
Sou meus cabelos nos raios de sol
Sou minhas lágrimas na chuva de verão
Sou meus dentes nas flores do ipê
Sou o desejo nas ondas do mar
Faço parte do lamento do morrer do sol
Faço parte do evento do nascer da lua
Sinto arder a minha pele dourando
Vejo nascer meus cabelos nas árvores
Sorrindo
Sou a lagoa limpa
Sou a vida calma
Sou o céu azul quando paro de chorar
Meus desejos e meus sonhos
Numa casca de noz
Eu sou nós
Eu sou a voz

* O título da poesia se remete ao título da publicação do físico Hawking, “O Universo em uma casca de noz” que se refere ao nosso planeta Terra.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

a sina

Eu olho
Eu falo
Eu sorrio.
Canto
Brinco
Rio.
Beijo
Abraço
Falo.
Amo
Choro
Calo.
Ando
Deito
Durmo.
Vivo
Cego
Surdo.
Minto
Rio
Falo.
Odeio
Zango
Trago.
Volto
Rio
Prometo.
Fico
Concordo
Aceito.
Minto
Discuto
Erro.
Sangro
Minto
Erro.
Brigo
Saio
Corro.
Choro
Magôo
Morro.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

discurso distorcido

Tua rosca torce para a direita
E todo o do contra torce para a esquerda
Ou seja, distorce a rosca
Distorce o discurso
Do curso da esquerda

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

crônica da aluna atrapalhada...

-Professora, eu queria lhe dizer uma coisa, mas a senhora vai brigar comigo...
-Eu? Por que eu brigaria com você -com ar sarcástico...
-Não professora, sério. Tô com vergonha de lhe contar...
-Conta F., tem nada não.
-Professora, eu juro que foi sem querer...
-Mas a senhora vai brigar comigo, ai meu Deus - disse colocando a mão na cabeça, sem jeito.
-Mas o que você fez foi tão grave assim? Se for, eu não sei não viu...
-Não, professora, ai meu Deus, eu não vou contar mais não...
-Conta logo F., já começou... Eu não vou brigar não, tá certo? A gente vai conversar, diz o que foi que você fez.
-Professora... Ai meu Deus - e toma coragem...- Sabe a sua bolsa pintada? Foi eu que pintei. Mas eu juro que foi sem querer, eu... - e foi interrompida pelas gargalhadas da professora!
- Mas F., foi você quem pintou minha bolsa?
-Mas foi sem querer, professora, eu juro! - nervosa, falando rápido - Olha, eu tava com essas canetinhas que são corretivos, sabe, e tava ouvindo sua explicação e brincando com a canetinha, que nem é minha, é de N. Aí, a sua bolsa tava em cima do birô e eu tava alí pertinho e quando eu percebi, já tinha pintado a sua bolsa professora, eu nem percebi! Desculpa professora! Desculpa, foi sem querer!
-Vem cá F.... - disse a professora puxando a aluna pra um abraço. - Você sabe o que eu pensei? Que tinha sido um aluno com raiva por ter tirado nota baixa...
-Não professora, eu nunca faria isso... Professora, por favor, não conta pra ninguém...
-Ah, mas eu vou contar! - provocando...
-Não professora, não...
-Vou contar pro meu marido.
-Ah, pro seu marido pode.
-Quando eu cheguei em casa, ele percebeu logo que minha bolsa estava pintada. E sabe o que foi que ele disse? "É muito atrevimento..." E eu respondi, alterada: "Se eu tivesse um carro, seria o carro!"
-Affff, professora!
-E sabe o que ele disse?
-Hun?
-Que eu tinha que descobrir pra ganhar uma bolsa nova. Olha como essa tá acaba, F.!
-Aí também é demais né professora?! Afffff. Hahahahahaha - e riram as duas!
Quando a professora encontrou seu marido mais tarde, já chegou morrendo de rir...
-E ela não pediu desculpas? ele perguntou.
-Pediu, mas eu ainda fiquei aperriando ela... A bichinha! Precisava ver a cara dela! Como é que pode uma coisa dessas??
- Gatinha, isso é história de professor mesmo.- riu o marido que também é professor... - É a crônica da aluna atrapalhada...