domingo, 4 de dezembro de 2011

InfoAbstinência

"Novamente sozinho..."
É como se estivéssimos dizendo isso a nós mesmos quando ficamos sem esse utensílio de primeira necessidade da modernidade: o telefone celular!
Estou cercado por pessoas que só conheço superficialmente e me sinto deslocado... Elas falam amenidades umas com as outras e eu não me sinto à vontade de falar nada. Tenho comigo um livro para ler, mas o que eu quero é falar. não vou sair, não vou falar com as pessoas, não vou sorrir, não vou reclamar. De repente, muita coisa me incomoda, ainda que o que eu sinta falta seja somente do meu celular...
Parece tão supérfluo o item e expressar essa necessidade também parece supérfluo, fútil, mas é o que é. E me pergunto: é isso o que sou? Alguém fútil que não se contenta em falar com os desconhecidos reais, mas precisa falar com o irmão, mãe, amigos, que precisa se conectar à distância com os desconhecidos virtuais...
Ontem mesmo, com o aparelho na mão, eu não liguei pra ninguém, nem escrevi pra nenhuma mensagem. Só vi as que me mandaram. Mas, agora, quero ligar para quem não ligo há dias, quero responder áquela mensagem, quero tirar o aparelho dessa moça ao meu lado à força...
As reações do momento de abstinência são realmente imprevisíveis! Inesperadamente surgem-me dúvidas: será que ela já viajou? E os parabés que eu não dei a ele? Como vou combinar o almoço? A festa de aniversário de hoje à noite está confirmada? Quanto vai ficar pra cada um o presente que vamos dar? Quando devo ir pegar a roupa na lavanderia?
Tento me enganar escrevendo as mensagens que eumandaria e os pensamentos que eu compartilharia e, por um momento, a ânsia diminui...
Até que, finalmente, sinto a vibração no meu corpo! Meu bolso está vibrando e atendo o telefone, enfim! Dá licença... Alô!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crescer... com Floriano peixoto.

Nunca um presidente me causou tanto problema! A culpa foi dele: Floriano peixoto! Que raiva! Porque eu não disse logo ao mototaxista que eu queria ir para essa rua? Mas eu resolvi dizer que ia pra UEPB! Grande burrada!
Agora eu estou no ônibus pra voltar pra João Pessoa, com fome, porque dei todo o meu dinheiro ao tal mototaxista que me atrapalhou! Estou voltando sem almoçar porque resolvi pegar o primeiro ônibus de volta, e são 13h! Eu poderia ter tirado o dinheiro no caixa rápido, mas quando eu comprei a passagem, já era quinze pra uma e eu ainda tinha que ligar pro Gatinho pra dizer que eu estava saindo. Essa ligação até poderia ser feita enquanto eu fosse andando para o caixa rápido, mas como os meus telefones celulares descarregaram, eu tive que ligar do orelhão. Na verdade, esperar que ele retornasse a ligação. Restaram, enstão, 5 minutos para eu contar minhas moedas, comprar alguma coisa e embarcar. Resolvi desistir das moedas...
No ônibnus, vejo a menina ao meu lado fazendo ligações em um telefone legal, enquanto wu queria tudo com o aparelho dela: fazer ligações, mandar mensagens, entrar na internet...
Lembrei que eu tinha um achocolado na bolsa e vejo um burrinho brincando de estátua na estrada... Diminuem a fome e a tristeza...
Rememorando o que eu fiz, o que eu deveria ter feito, o que aconteceu, o que vai acontecer... Me dá uma vontade de mentir pra minha coordenadora a quem tive que encarar pra dizer que faltaria ao trabalho por causa dessa inscrição exclusivamente matutina... Qual não vai ser a cara dela quando eu disse que  tudo deu errada e eu acabei SEM fazer a inscrição? Vai parecer que eu menti o tempo todo! Vai parecer que eu faltei porque quis e viajei pra fazer alguma outra coisa e gastei dinheiro pra ser otária!
Quem sabe se eu mentir dizendo que deu tudo certo, ela acredite?
Suspiro... É isso! Crescer é encarar alguém que vai duvidar da verdade e achar a mentira mais verossímil. É ver sua expectativa de tudo dar certo desmoronar na garupa de uma moto. É não perder as esperanças, apesar da fome e da distância de casa...
Ainda bem que crescer ainda me permite chorar e dormir...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nem sempre é todo dia...

Às vezes a gente acorda com aquela vontade de lembrar e de reviver... Pois tem dias em que a gente tem mais hormônios genéricos no corpo, tem um calor e um frio por dentro...
Algo que não se sabe, e sabe... Quando se lê, se sabe... Quando se sente, se sabe...

Às vezes não adianta falar, lavar as mãos, lavar o corpo todo!
Às vezes não adianta se coçar, pegar, procurar... Às vezes não adianta olhar as mãos, acariciar o lençol, chamar pelo nome...
Não adianta olhar fotografias, ouvir uma música ou dançar uma valsa pela casa solitária...
Não adianta fazer telefonemas ou escrever uma mensagem...
Não adianta abrir as portas, olhar pela janela ou fechar os olhos...
Não adianta andar pela rua, soltar os cabelos, e dar aquele suspiro...
Não adianta falar para a geladeira ou para os vizinhos "o que é que há?".

Às vezes, não adianta explicar...
Só dá mesmo pra viver
Só dá pra viver
Tem-se que viver
essa aventura...

Qual o preço de um filho??

Uma ONG calculou recentemente o custo para se criar um filho, do seu nascimento aos 18 anos, e chegou a R$ 160.140,00 para uma família de classe média.

O valor é chocante! E esse valor não cobre a formação escolar. Mas R$ 160.140,00 não é tão ruim assim, se você parcelar.
Ele se traduz em: R$ 8.896,66 por ano, R$ 741,38 por mês, ou R$ 171,08 por semana. E meros R$ 24,24 por dia. Cerca de um real por hora.
E o que você ganha de recompensa?
Direito de dar nomes, olhares de Deus todos os dias, risadinhas debaixo das cobertas todas as noites, mais amor do que seu coração pode suportar, beijos jogados no ar e abraços carinhosos, infinitas admirações por pedras, formigas, nuvens, biscoitos, cachorros, gatos, etc...
O que você ganha gastando R$ 160.140,00 ?
Uma mão para segurar, normalmente suja de geléia ou chocolates, um parceiro para fazer bolhas de sabão, soltar pipas, alguém para fazer você rir como bobo, não importa o que seu chefe tenha dito ou como as bolsas de valores se comportaram nesse dia.
Por R$ 160.140,00 você não precisará crescer nunca. Você deve: ter os dedos sujos de tinta, modelar objetos, brincar de esconde-esconde, ouvir músicas da Xuxa, e nunca deixar de acreditar em Papai Noel.
Você terá uma desculpa para...
Continuar a ler as Aventuras do Ursinho Puff, assistir desenhos animados ao sábado pela manhã, assistir filmes da Disney, e fazer pedidos às estrelas.
Você recebe molduras de arco-íris, de corações ou flores sob imãs de geladeira, conjunto de mãos impressas em argila para o Dia das Mães, e cartões com letras viradas ao contrário no Dia dos Pais.
Por R$ 160.140,00 não há outro jeito mais fácil de ficar famoso. Você é um herói apenas por: recuperar uma pipa do telhado da garagem, retirar as rodinhas da bicicleta, remover uma farpa do pé, encher uma piscina de plástico, fazer bola de chiclete sem estourar, ir a parques de diversões e voltar exausto...
Você tem lugar na primeira fila da “história” como testemunha dos primeiros passos, das primeiras palavras, do primeiro sutiã, do primeiro namoro, e da primeira vez atrás do volante de um carro.
Você fica imortal. Você tem um novo braço na sua árvore genealógica e se tiver sorte, uma longa lista de membros no seu obituário, chamados netos e bisnetos.
Você recebe formação em psicologia, enfermagem, justiça criminal, comunicação e sexualidade humana que nenhuma faculdade pode lhe dar.
Aos olhos de uma criança, você localiza-se logo abaixo de Deus.
Por R$ 160.140,00
Você tem poder para curar um choro, espantar os monstros que estão debaixo da cama, remendar um coração partido, policiar uma festa sonolenta, cultivá-los sempre e amá-los sem limites.
E assim algum dia, eles como você, amarão sem medir os custos.
É um excelente negócio por esse preço!
Ame & curta seus filhos, netos & bisnetos !!!
É o melhor investimento que você fará na sua vida.
Por R$ 160.140,00
Você poderia comprar um carro de luxo; você poderia comprar uma linda casa; Você poderia comprar um belo iate...
Mas nada se equivale ao preço de um filho."

Vi esse texto em uma comunidade do orkut (novamente) da qual faço parte... Não tinha os créditos...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pelo amor, não pelo esperma

Li esse texto em uma comunidade que faço parte no orkut (Casadas e Felizes) e amei! Vou postá-lo aqui para que todos possam ter a oportunidade de refletir sobre a realidade emotiva dos pais e das crianças adotadas. Além, de aproveitar e fazer um apelo a todos para que entrem no blog de Kassi Chirol, uma mãe adotiva e extremamente amorosa que tem um filhinho lindo e com paralisia cerebral...
O blog dele é http://anjomikael.blogspot.com/
Valeu!


Pelo amor, não pelo esperma



Quando você veio,
Nós não quisemos saber de mais nada,
Quisemos apenas amá-la.
Não quisemos saber se estava subnutrida,
Com dor de ouvido
Ou sífilis em alto grau.
Não quisemos profetizar
Se seria boa ou má.
Simplesmente a amamos.
Dividimos nossa cama com você
E pedimos que você dividisse
Seu amor com a gente.
Não olhamos detalhes,
Não escolhemos sexo, cabelos... nada!
Não lhe demos um ventre durante nove meses,
Mas lhe demos a certeza
De um grande amor pela vida inteira.
Juntos até o fim!
Não lhe demos um seio para amamentar,
Mas lhe demos mãos trêmulas de emoção
Numa mamadeira feita com carinho.
Não lhe demos entrada na maternidade,
Mas lhe oferecemos nossas noites de vigília!
Hoje você é nossa porque a amamos,
Porque sofremos na carne o seu “dodói”.
Nós somos de você
E você é nossa porque sem você
Nossa família é incompleta.
Somos todos uma unidade!
...Fazer filho, qualquer imbecil faz,
O importante é assumir a paternidade.
Quem assume é gente, é ser humano.
Você é nossa pelo amor
E não pelo esperma!
Você é nossa pela espontaneidade
E não pela obrigação.
Você é parte integrante porque,
Em vez de sair da gente,
Você entrou na gente!
Você está incrustada
Nos nossos soluços e nos nossos risos,
Nas nossas vitórias e nas nossas derrotas,
Você é o complemento,
É o espaço que preencheu o vazio
Que existia dentro de cada um de nós!

Neimar de Barros

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Historinha de sacanagem

durante a reunião, sua mente viajava
perdia a concentração.
o pensamento
voava no tempo
o tempo passava
sem perceber

ela teve que sair:
foi ao banheiro
lavar as mãos

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A professora nunca envelhece...

     Que imagem nós temos da professorinha de antigamente? Aquela professora bem senhora, enrugada, que sempre usava óculos e anágua? Ou seria a imagem da professora Helena, de Carrossel? Aquela que parecia mais uma princesa de tão linda e perfeita, e que nos fazia suspirar, meninos e meninas, diante de sua docilidade e perfeição?
     Bem, não é assim que vemos hoje as nossas professoras... Se não forem tão senhoras, como a primeira descrição (existem as que insistem em embrutecer junto com o tempo!)
     Se ela trabalha com crianças, fala papelzinho, tarefinha, cabelinho) e tende a se vestir de modo infantil (estampa de bichinhos, personagens de desenho animado, presilha no cabelo...). Além de ficar mais flexível e doce: Só dessa vez você vai, viu, queridinho?
     Se trabalha com adolescentes também permanece adolescente: usa o cabelo comprido, jeans e tênis, fica mais intolerante e paquerador (não dentro da sala, óbvio!). Sempre tem um aluno (ou aluna, né?) apaixonado(a) por ela...
     Se trabalha com adultos, fica regrada. Conta com a compreensão da turma, veste-se sempre muito elegantemente e deve usar o cabelo preso ou curto, além de um perfume marcante, porém sóbrio.
     Ao prestar assessoria a idosos, a professora também vai manter as características de sua turma: vai ser muito bem-humorada, vai ser também muito crítica (criticando a tudo e a todos), vai sofrer de esquecimento e vai se vestir com tons neutros e peças discretas (nada de decotes, senão “mata o velho!”).
     Mas o que é mais importante perceber é que, na medida em que a turma vai se adaptando ao professor e conhecendo-o, nessa mesma medida o professor se assemelha a sua turma, em verdade.
     Agraciados são aqueles que lecionam aos mais novos de espírito e, com isso, prolongam sua juventude. Mas, independentemente do público, a professora é sempre uma mente jovem a renovar saberes e poderes nas pessoas...
     Só lhe falta liberdade para dispor dessa juventude...

Encadeados

     Estamos “grudados” um no outro. Ou presos, mais que unidos. Emparelhados (ou empareados), encangados. Mais unidos do que isso só se fôssemos um só!
     Pela manhã você me espera á mesa do café. Acompanha-me durante a manhã nas músicas que eu ouço e nas manchetes de TV.
     É claro que na hora do almoço você não me daria folga!
     E à tarde, já me espera no meu local de trabalho!
     Está no meu computador, nos meus escritos mais despretensiosos, nas fotos que eu tiro, nos e-mails que eu mando...
     Cruza meu caminho através de um qualquer, fala comigo através de outdoors, surpreende-me através de alguém em quem esbarro na rua...
     À noite, vai comigo pra cama e como se não bastasse, ainda aparece em meus sonhos...
     Realmente, não é brincadeira quando eu digo que meu trabalho me persegue...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

ócios do ofício

eu queria às vezes morrer pro mundo
e poder somente
escrever tudo
o que está aqui dentro
sem parar, sem esquecer, sem deixar pra lá,
...nem pra depois

Mas não dá
e fica pra nunca mais...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Discurso Distorcido" no 7º Festival de Poesia Encenada do Sesc - 2010

Discurso Distorcido de Priscila Six
encenado no 7º Festival de Poesia Encenada do Sesc - 2010
pelo Grupo Graxa de Teatro


Discurso Distorcido

Tua rosca torce para a direita
E todo o do contra torce para a esquerda
Ou seja, distorce a rosca
Distorce o discurso
Do curso da esquerda

Leila depõe...

“Vamos, com certeza, vamos. Vamos e outros virão. Os filhos dessas crianças de hoje virão. E a gente vai estar lá, se Deus quiser, se Deus quiser.”

Nenhum!
Nenhum!
Eu
Entrar crianças
Olhar sala
?
Como
?

Alguém
Não
Assustar
Minha
Mesa
Sangue
Deslocada
Brigado
Falei
Absurdo
Louco
Sangue
Material
Sangue
Mochilas

Se
Perguntasse
Não
Racionalmente
Sei
Preciso
Precisam
Professora
Hoje
Cacos
Cacos

Força