Um dia uma pomba branca se viu mirada por um colibri. O colibri já havia sido visto pela pomba, mas nunca daquela forma, por que o colibri, parado no ar, como consegue ficar, tinha um olhar diferente. Diferente de qualquer outro que já houvesse alcançado a pomba. E ela, num rasante, se aproximou. Tombou aos pés do colibri, que surpreso foi ter com ela. Os olhares que se seguiram e a dança das penas só poderiam ser descritos pela mãe natureza, por que tal amizade e afeição pareceriam inatas aos olhos de qualquer estudioso.
A aproximação da pombinha provocou tanta felicidade no colibri que ele se rendeu à sombra da pombinha branca em sua frente, esqueceu o doce da flor que estava ao seu lado e desejou provar daquele doce que a pomba lhe oferecia.
Mas o colibri tinha medo. Todos os colibris são amedrontados, nem sempre medrosos, mas me parece que é da natureza deles, comedida, cautelosa, capricorniana... Ele temia o que todo reino animal teme: a morte. O colibri tinha medo de morrer de fome longe de sua flor que ele ama tanto... E a pomba era tão grande, tão nova, teria tantos mundos pra morar, tantas casas, tantas amizades, tantos meios...
Mas o colibri talvez nem desconfiasse o desejo dela, de sua pombinha branca amada... Até ela mostrar-lhe...
Ela chegou como sempre chegara e o olhou como costumava olhar, e ao invés de o deixa com a flor, enlaçou-o em suas asas e o apresentou a todo infinito horizonte que ele poderia descobrir... Levou-o, oferecendo-lhe o que não lhe pertencia, mas sempre fora seu de direito, todas as flores, todo o céu, e seu coração...
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