O poeta no violão - é, José de Almeida toca muitos forrós do Rei do Baião! No violão e no pandeiro! |
I
Em doze nasceu Luiz
Gonzaga do Nascimento
Treze está no documento
Foi este o dia feliz
Todo mundo sabe e diz
Que’le foi um rei afamado
E no baião outro reinado
Ainda não apareceu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
II
Foi o segundo nascido
Dos filhos de Januário
Dezembro é aniversário
Do nosso mestre querido
No presente e no passado
E seu fole está guardado
Na sala de um museu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
III
Caiçara é a fazenda
Município de Exu
E na feira em Caruaru
Tem mulher fazendo renda
Esta história não é lenda
É seu berço comprovado
E Pernambuco é o estado
Onde o menino cresceu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
IV
Dona Santana que jáz
Mulher de coragem e brilho
E inteligente demais
Tem muita gente que faz
Mas faz tudo copiado
Se for tocar, toca errado
Músicas que ele escreveu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
V
O Araripe é a serra
Onde seu verso ecoa
E não é fácil outra coroa
Pra qualquer Luiz na terra
Sua carreira se encerra
Porque não fostes clonado
E aquele filho almejado
Por conseguinte morreu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
VI
Gravou o primeiro LP
Com vinte e nove de idade
Mas não teve a liberdade
Pois a mídia e o poder
Já tinham curral fechado
E privou que fosse gravado
Esse dom que Deus lhe deu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
VII
Por ser um filho zeloso
Respeitava Januário
Luiz cresceu no cenário
Mas ele era mais tinhoso
Num oito baixo mimoso
Talvez do século passado
Era oito emparelhado
E olhe aquele cheiro meu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
VIII
Zé Dantas foi seu parceiro
De Carnaíba das Flores
E o rei cantou as cores
Das folhas do juazeiro
Do baião foi o primeiro
Parceria de sucesso: Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (da esquerda para a direita). |
Foi quase um super dotado
Na arte que escolheu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
IX
O grande Humberto Teixeira
Foi parceiro de Gonzaga
Que nem jiló, fruta amarga
E Asa Branca é pioneira
Quem quer comida caseira
Baião de dois misturado
E Assum Preto engaiolado
Porque o homem lhe prendeu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
X
Humberto Teixeira fez
E sem erro no português
Zé Dantas cintura fina
Fez o xote da menina
E vem morena está gravado
E o ABC foi decorado
Por todo jovem que leu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XI
Zé Marcolino escrevendo
Fez o fogo sem fuzil
Mas o carão ainda não viu
Que a lagoa está morrendo
Cacimba Nova revendo
O líquido é cristalizado
Tomou chá com queijo assado
Quando a fogueira acendeu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
Numa sala de reboco
Foi Marcolino o autor
Lula o fole gemedor
Tocava em ritmo de coco
Quase maluco é um louco
Victor Simon é chamado
Vamos dividir contado
Um pra tu e dois pra eu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XIII
O grande Nelson Barbalho
Fez a morte do vaqueiro
Luiz tocava ligeiro
Músicas de Luiz Ramalho
Fogo pagou põe no galho
E ainda tem mais arquivado
Tem sabiá e xaxado
Mas Asa Branca venceu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XIV
E meu cachorro trigueiro
Laçou um boi mandingueiro
E dormiu em rede de malha
Selou a burra medalha
Foi pro São João no roçado
Olhou pro céu viu nublado
E naquele ano choveu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XV
Quem escreveu légua tirana
Foi Humberto e Gonzagão
E na véspera de São João
Francisco Reis não se engana
Lorota boa é bacana
O rei também foi soldado
E nem um erro cometeu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XVI
Assis Vicente, pão duro
Nosso irmão é o jumento
Se o cabra tiver talento
Toca forró no escuro
Ô veio macho seguro
Foi Cavalcanti o citado
Teve seu fole roubado
E quem roubou se arrependeu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XVII
Cartaz do filme comemorativo pelo Centenário do maior sanfoneiro de Exu-PE. Ainda está em cartaz... |
Foi Patativa, o poeta
Escrevia a rima certa
E foi um exemplo de vida
A vaca estrela querida
E boi fubá muito amado
E Luiz tocou no teclado
O que o poeta lhe deu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XVIII
Luiz tocava sorrindo
Porque gostava da arte
Querido por toda parte
Seu sucesso foi surgindo
Balão pro céu vai subindo
Pelo baião controlado
Tocou a festa do gado
Depois que a ema gemeu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XIX
Não tem disso em Ceará
Fagner cantou com Luiz
E da morena eu quero chá
Se a mula preta empacar
Eu uso o relho malvado
Capim novo é irrigado
E o pasto a mula comeu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XX
Aquele chapéu de couro
E sanfona branca afinada
Fez sua arte ilustrada
Luiz Gonzaga de ouro
Sinhá Marica ouviu o choro
De Benito inconformado
Por não ter tido o reinado
Do samba que lhe escreveu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XXI
Sivuca e Nando Cordel
Elba Ramalho e Gal Costa
E Fagner disse a resposta
Meu amor olha pro céu
Altino não tem chapéu
Mas canta muito afinado
E o navio foi ancorado
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
XXII
Moreninha tentação
No forró de Zé Mané
Olhe não pise em meu pé
Que o coturno é pro São João
No forró de Zé Antão
Danço xote afigurado
Rancheira, polca e xaxado
E quem lava a égua sou eu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
Se foi um grande cantor
Foi triste sua partida
Uma história, uma vida
De quem semeava amor
O seu devido valor
Deve ser bem preservado
Seu filho ta do seu lado
E pertinho do galileu
Luiz Gonzaga nasceu
Pra ser imortalizado
José de Almeida
Show de BOLA! Tio Almeida sempre arrasa! Dom divino e lindo que ele tem!
ResponderExcluirParabéns padrinho, como sempre arrasando nos versos!
ResponderExcluirEsse poema é musicado também?
ResponderExcluirParabéns, conheço seu pai, fico muito feliz por vocês, meu nome é Adriano Amarante trabalhei com ele
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