segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ser dona de casa ou dona da calçada?

Minha amiga, Érica Maria (outra flor canora) disse que queria ser dona de casa (recomendo: anoitecida.blogspot.com).

"Eu queria era ser dona de casa/ Juro/ Cuidar de marido, de filho...
Porque as mulheres inventaram de ser independentes?"

Sobre a minha experiência de dona de casa, eu tenho que confirmar algo que minha mãe já havia dito: não nasci pra isso. Ela sempre disse que eu seria uma ótima profissional, uma empresária, alguém que viveria pro trabalho, mas que não seria uma boa dona de casa... Ainda bem que ela não falou nada sobre filhos, porque eu ainda tenho esperanças de ser uma boa mãe, coisa que ainda não me aventurei a tornar-me...

No entanto, eu acho que não tem como ser tudo ao mesmo tempo não, né?
Eu vejo tantas mulheres lutando tanto, com tanta dificuldade, pra ser tudo ao mesmo tempo: mãe, mulher (no sentido feminino da coisa), esposa (no sentido sensual das coisas...), profissional, e em tudo ela tem que ser competente. Uma excelente esposa e mãe. Uma excelente profissional, e além de tudo, linda.

Não há santo que aguente tanta cobrança, tanta promessa!

Algumas são muito bem sucedidas, mas eu sempre me pergunto: ela está feliz consigo mesma? Ela não estaria em busca de agradar a todos, e esqueceu-se dela? Da própria satisfação?

São tantas as cobranças sobre nós, que diante de qualquer piadinha machista, não conseguimos sorrir da ironia do destino, mas nos acabamos em revolta de gritos e caretas. E ainda ficamos com fama de tensas e complicadas... Como se vivêssemos em TPM...

Não somos iguais, nem mulheres, nem homens. É muito difícil encontrar um homem que se esforce em ser tão perfeito quanto nós mulheres. Até por que eles não se interessam muito por tantas esferas diferenciadas quanto nós, né?

Com eles, é só trabalho, ou só ser marido, ou só ser pai... Mas, o que se vê é o esforço exaltado em ser apenas um, e um esporço moderado em alcançar as outras esferas...

Pois eu queria somente poder ser, mas não TER que ser dona de casa. Queria poder ser só de vez em quando... Quando eu quisesse e não me sentir obrigada.

O que sou de melhor mesmo é "dona da calçada". Vivo batendo perna, correndo atrás do meu trabalho, do meu sucesso profissional, andando com as pernas cansadas, os braços carregados, pensando "vamo com fé, que eu chego lá". Mesmo quando lá, naquele momento, é a minha casa, e a fé é o que me faz continuar caminhando apesar do calo nos pés; é o pensamento que tenho que quando eu chegar em casa, vou largar todos os livros que pesam em meus braços e poder tomar um banho pra limpar tudo o que se impregnou em mim.

Tenho sido uma boa dona da calçada. Ela é a minha companheira constante. E ainda bem que não tenho me deparado com os buracos que me fazem cair...

2 comentários:

  1. Esse é um tema que renderá sempre muitas opiniões e discussões.

    Recentemente eu estive em muitos médicos, e na busca do que estava fazendo mal à minha coluna, retratei minha rotina puxada no Mestrado, em casa, com filho, marido... um deles acabou tirando aquela velha brincadeirinha "Vocês não queriam direitos iguais? Tá aí o resultado".

    Eu engoli toda a minha vontade de rebater esse comentário, pois eu estava ali por um motivo: dor, e precisava me tratar. Mas passou na minha cabeça que nós não temos esses "direitos iguais". Por muitos motivos.

    Se tivéssemos, os homens teriam direito a uma longa "licença paternidade", pra fazer parte da vida dos filhos no seu nascimento. Eles também seriam intensamente cobrados para passar um tempo em casa com os filhos, limpar a casa, cozinhar, ter uma aparência sempre impecável e tudo que nós, mulheres somos responsabilizadas, cobradas. Ou nós mulheres, seríamos livres dessas cobranças.

    Seria ótimo só ser dona de casa quando tivesse vontade, em vez de o tempo todo. Mas lhe confesso que é uma auto-análise. Precisamos aprender a fazer o que nos faz feliz, e por mais cansativo que seja às vezes, as mulheres se sentem realizadas tendo filhos, trabalhando, cuidando da casa. Claro que não há como sermos perfeitas em tudo, mesmo que estivéssemos escolhendo uma “profissão” apenas, algo sairia errado, faz parte do ser humano: somos imperfeitos.

    Ótimo ponto de vista o seu.
    Beijinhos

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  2. Priscila!! hehehe
    nossa, só hj vi teu post. Eu sabia que esse meu pensamento causava tantos questionamentos. Mas o que eu quis dizer, é: eu posso ser tudo o que quiser, mas posso tb ser apenas mãe? quando a gente quer tantos direitos iguais, tantos reconhecimentos, escolher ser mãe chega a ser às vezes horrível. ou apenas cuidar da casa, por opção, chega a ser um insulto. mas nós, mulheres não temos o direito mais de escolhermos ser apenas mãe. hj temos que escolher primeiro a carreira, ou como disse uma ex sogra, devemos nos casar com o trabalho. acho só que podemos ser o que escolhermos ser... e eu quando escrevi, escolhi naquele dia, ou naqueles tempos, ser mãe numa fazenda, plantar, colher, ensinar, amar. nem todo mundo se conforma com tão "pequeno" querer, né? ehehehe. beeeijos!!!

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